Sem efeitos: o que eu tenho pra te oferecer muda sob o teu olhar

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Espólio

A humanidade se divide em dois tipos de pessoas: as que morrem e as que vivem pra sempre. 

Todo mundo nasce no primeiro grupo. É a lei natural das coisas. Alguns crescem, outros crescem e se reproduzem, mas todos morrem. Passam a vida inteira discutindo o que vai acontecer quando ela acabar e acabam deixando tudo por aqui, menos a resposta.

Aliás, a tal resposta é o que faz a gente acabar carimbando de vez o passaporte no Pelotão 1. Estamos sempre com alguma na ponta da língua, mas morremos de medo das perguntas. Na verdade, às vezes sequer temos tempo de ouvi-las.

Construímos castelos para nós mesmos enterrarmos. Se engana quem acha que vai levar alguma coisa do mundo. Se engana ainda mais quem acha que vai deixar. Os castelos são os primeiros a desmoronar.

E o único jeito de não deixar isso acontecer é morrendo sozinho. Porque por mais que pareça, não somos nós que escolhemos a qual tipo pertencemos. O poder é de quem fica por aqui. O máximo que dá pra fazer é deixar uma dica. Algo que valha a pena ser guardado, mas que não caiba na estante ou dentro de um porta-retrato. 

Há 2 anos um grande amigo despedia-se solitário desse mundo.
Sorte a minha. 
Porque carne e osso vão. A história fica.
Bem vindo ao Grupo 2.