Sem efeitos: o que eu tenho pra te oferecer muda sob o teu olhar

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sou brasileiro

Fazer o quê.
Que me desculpem, mas a poesia definitivamente perdeu a graça, assim como aconteceu com a palhaçada, a alegria e a honestidade. O fato de ser brasileiro, além de carnavais e um belíssimo e supracitado futebol pentacampeão do mundo, sem contar as formosas mulatas "modelos e atrizes", me trouxe também empacotados muitos fardos.
Desde o português, que poucos dominam e expõe a falta de comunicação dentro do país, à pobreza e falta de informação latentes, ao "jeitinho brasileiro", até chegar na pior de todas as mazelas: a política brasileira.
Ser brasileiro hoje passou a ser complacente às vergonhas e a tudo aquilo que nas conversas populares é veementemente reprimido, desconheço se por falta de conhecimento ou simplesmente de memória. Em outras palavras, ser brasileiro é ter o governador da capital preso por corrupção e achar normal a discussão da legalidade de sua prisão e ainda pior: apoiá-lo por ter ajudado os pobres e a manutenção dos serviços públicos - normalmente garantidos pelos exorbitantes impostos pagos - mesmo que desviando dinheiro público. Infelizmente, não precisamos de um Robin Hood nas rédias da sociedade.
É também desconhecer as vergonhosas práticas de coronelismo e voto de cabresto, e até achar natural uma família ser "dona" de um estado, um presidente vigente fazer campanha política para sua candidata, ou ainda um candidato impugnado colocar sua esposa em seu lugar, absolutamente despreparada, a troco de um governo patético em busca de enriquecimento, relembrando as máfias familiares.
É ter a participação popular na criação de uma lei contra a corrupção e nas vésperas das eleições ver a suprema corte de ministros e engravatados votarem sua constitucionalidade.
Consituição? O que é isso companheiro? Brasileiro não lê nem jornal. Mas vê humoristas serem proibidos de fazer piada com seus excelentíssimos políticos em uma forma apropriadíssima de censura, mais de 25 anos após o fim da ditadura militar. Aí sim é uma exemplar aplicação da constituição, creio eu.
Ser brasileiro é se voltar contra si mesmo. É ver um presidente que sofreu impeachment voltar de fininho para a política, e ter eleitores! É punir jogadores de futebol por suas condutas mas não saber o que é uma CPI.
Ser brasileiro... Ah, como é ser feliz! Afinal, saúde, educação, segurança pública... Balela! Eu verei a Copa do Mundo e as Olimpíadas. E se o Flamengo e a Beija-Flor não me fizerem esquecer, eu peço uma pizza e a gente resolve isso da melhor forma.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Penetrante

Quando o que eu conceituar como fim for para você o início, nós não estaremos separados, mas sim unidos como nunca antes. Cada um pela sua extremidade.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Away

Interessante como a ilusão é único caminho aparente quando eu tento tomar uma decisão lúcida.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Filósofo

Sente-se longe de mim.
Não aguento mais confusão.
Você nem sabe do que fala.
Filósofo...

Metáfora

Que diabos sai para o papel sem eu querer.
Vem a minha cabeça enganando o que é certo.
Vem aos meus lábios delatando o que é errado.

És curto e grosso, tirando o fôlego.
Paradoxal, talvez. Dialético, jamais.
De fácil escrita e difícil entendimento.

Assim eu trilhei meu caminho.
Ah, porém, por que eu saí andando assim?
Concupiscente. Certo dos incertos.

Mal sabia que chegaria um momento árduo.
Em que voltar não seria mais possível.
E que a felicidade e a loucura mesclar-se-iam.

Híbrido de cabeça e rude de músculos.
Achei que um lápis poderia ser uma mochila.
Poesias desconexas não são um bom avião.

Mas no fundo no fundo eu sei.
Que a algum lugar eu nunca hei de chegar.
Porque não consigo falar de mim.

Poesia de cego

É fácil acreditar em você
Dizendo pouco e deixando lacunas
Que eu mesmo tenho que completar

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Placebo

Volta aqui
Eu ando tão triste
Sem ter com que me preocupar.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Faina

A maior virtude de um grande problema é fazer esquecer que você já existia antes dele.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Carangueijo

Viverei então, em vão ou não
Pois em dado momento chegará
Para apagar meus pobres sonhos
E destruir meus ex-amores
Não esperar é o que me resta
Eu vou me deixar levar
Para caso você chegue
Eu nem precisar lutar

Independente

Do que aconteça, amanhã acordaremos poucos ricos e muitos pobres. Alguns esclarecidos obscuros e milhões de obscuros esclarecidos.
E aí virá um estrangeiro a expor nossas mazelas e ridicularizar o que está sob o nosso nariz. Ainda assim xingaremos, diremos que isso é uma vergonha: "Blah, aqui não tem pó, não tem corrupção. Olha o nosso futebol, o nosso carnaval...". Como se mitigássemos aquilo que a nós mesmos é difícil de engolir.
E quando pedirmos para mostrar a cara, esqueceremos de fazer o mesmo com nossas próprias, elegeremos aqueles que xingaremos antes de empossados. Repetiremos aos olhos dos filhos deste solo as atitudes que recriminamos aos olhos da mãe gentil.
A passos largos somos independentes: "Faz o que tu queres...", porém sob a visão dos milhões que mal conseguem enxergar muito longe, somos pura dependência. Da cabeça aos pés.
Sem mais delongas, que sejas feliz, e um pouco menos cega, ó Pátria Amada.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Notas de rodapé

O caminho mais curto para a delonga.
E o mais estreito para o sucesso.

Mary

Como foi capaz? Por que fez de mim um louco descabelado a sua procura embaixo das colchas e nas gavetas empoeiradas. Esteve comigo, Ginsberg, Rimbaud, Freud, todos juntos. E agora tudo o que me resta é a saudade do seu beijo, rapidinho, apertado.

Susto

E você se arvora em frases longas e pontuadas, acentudas.
Eu retruco com neologismos enrolados em seda.
A vingança sumiu, esvaziando assim seu prato.
O que eu como frio agora é a cordialidade.
Os seus dedos e não me toques.
Que me fazem crer que vamos chegar a algum lugar.
Quando tudo que eu queria era nem precisar ir.
Mas se precisa ser assim, tudo bem.
Jamais será assim.
Pontuado, à sua maneira.

Humano

As minhas fases são tão ridículas e desprezíveis quanto as minhas paixões e tão imprescindíveis quanto meus objetivos, tão fúteis quanto minhas fases.