Sem efeitos: o que eu tenho pra te oferecer muda sob o teu olhar

sábado, 31 de outubro de 2009

Pausado

Tão linda é. Centro das atenções. Mas não consegue dizer uma só palavra sem parar. Pensar. Ensaiar. Sozinha é incrível. Precisa só ver. Precisa aparecer. Destrata e ama. Fala pouco e muito. Se apaixona e desapaixona. Tudo pra mostrar que é forte. Abstração não existe em seu dicionário, que dirá amor. Provoca. Arde e assopra. Envolve. Sozinha, define. Ah, eu gosto de estar com ela. Mas só com ela.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Suave coisa nehuma!

Cansado dos seus dizeres
Aproveito os abraços
Os beijos, os sorrisos
E pouco do amor escasso
Que a mim não engana

Movo-me pelo contato
Grudado, entrelaçado
E sugiro, ainda cansado
Que olhe nos meus olhos
Para que eu me lembre de você

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Improviso

"Essa é árvore mais bonita daqui da região!" - disse ela.
E eu, impaciente: "É?" - sem parar de beijá-la.
Me empurrou pela gola: "Insensível! Você faz parte desse meio, atenda-o!"
"Amor, essa árvore me viu escrever e tocar todas as canções que eu fiz pra você. Me viu chorar e sorrir por sua causa. Eu prometi a ela que quando conseguisse, ia te trazer aqui!" - sem hesitar, falei.
Ela olhou-me docemente e sorriu, me aproximando de novo.
Acreditou.

sábado, 17 de outubro de 2009

Personagem

"Dissestes que se tua voz
Tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira"

Urbana Legio Omnia Vincit

Perdão se os meus sorrisos te fizeram chorar,
mas a minha concepção de amor
é muito mais que um beijo na boca.




domingo, 4 de outubro de 2009

Amor

Sabe, o amor consome mesmo a gente. Não sei muito ao certo se vem da minha cabeça ou do meu coração - quem sabe até do seu - mas a verdade é que é algo que em poucos minutos é capaz de me deixar anos mais velho, porém me faz sentir como uma criança. A cada suspiro, riso, arranhão, aperto compartilhado, ou mesmo por nada: apenas uma troca de olhares ou sentir a minha pele na sua. Confesso que ultimamente até ouvir o seu nome me causa certa arritmia.
Queria eu ficar rico descobrindo em que pote posso guardar tal sentimento. Aliviado eu poderia ir dosando pouco a pouco tudo aquilo que acontece e eu não posso explicar. Afinal, não posso culpar somente a mim mesmo por tudo o que sinto. Aquele calor por dentro do corpo, o batimento acelerado, a falta de palavras, ver o céu cada vez mais azul, querer abraçar todo mundo, nada disso saberei lhe explicar.
Eu não posso acreditar que o amor pode acabar. É como se eu sentenciasse a morte de alguém que eu sei que é imortal, é arrumar confusão comigo mesmo. Mas também não consigo manter-me acordado, sem combustível, na sua ausência. O sentimento que me move pode me matar. Enquanto na sua presença era quase um estimulante, uma expansão da minha visão de mundo, depois que você se foi acho que o produzo em dobro, mas como um veneno, algo tóxico. Não consigo comer, rir, chorar, sequer me mover. Sinto-me inanimado. Ironia eu um dia ter achado que a morte era um mito, quando estava ao seu lado.
Tentei chegar a tempo à estação, correndo, sem paletó ou flores, mas com uma carta escrita à mão. Vi de longe a fumaça do trem que te afastava a cada segundo um pouco mais de mim. Hesitei uma corrida, parei, caminhei, olhei para os lados, para o céu. Um filme começou a rodar dentro da minha cabeça. Era como se eu sentisse novamente suas mãos me envolvendo, o seu cheiro. Outra peça do danado amor, que me faz crer e materializar tudo.
Sentei no banco da estação e fui preenchendo o espaço em branco na folha que sonhei entregar. Estranho, mas o amor foi saindo da caneta, deixando o papel cada vez mais pesado e me deixando cada vez mais leve, vazio. Gostaria que um dia, se possível fosse, você abrisse essa carta e sentisse de uma vez o que estou sentindo nesse minuto, como um soco, um empurrão. Ah, se eu pudesse materializar o meu amor por você, só pra te ver feliz por mais uma vez e assim me ver feliz pra sempre.

sábado, 3 de outubro de 2009

"Carroças vazias fazem mais barulho!"

Sentido faz. As carroças cheias costumam andar mais devagar e fazer menos barulho. Assim são esses seres animados que vagam pela terra.

Não grites para me convencer, não apontes para me convencer, não roles no chão para me convencer. Se eu achar que devo fazer, um olhar basta.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ah...

Uma bomba que cai no colo
Leve, de pluma, quente
Respeito pelos detalhes
Inexistentes a olhos nus
Cheia de pós-escritas

É como um bilhete colado
Aquilo que vai sem pedir
É o beijo curto escondido
Mais longo possível
Uma carta manuscrita

Flor de asfalto, pancada
Seria um tropeço
Se tivesse os pés no chão
É saudade, é nostalgia
Do futuro breve

Vontade arrancar
Um vento úmido, fresco
As reticências do poema
O último e o primeiro suspiro
Calor