Sem efeitos: o que eu tenho pra te oferecer muda sob o teu olhar

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Manicômico

É, sou louco sim
Completamente louco
Afinal, poesia é loucura
Mas roubos, assassinatos
Estelionatos
Estupros e torturas
Esses são só maus hábitos

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O encontro

"Nada como o firmamento,
Para trazer ao pensamento.
A certeza de que estou sólido, em toda a área que ocupo.
E a imensidão aérea,
É ter o espaço do firmamento no pensamento.
E acreditar em voar algum dia."
Chico Science

Pra mim até dá pra voar sem ter sequer onde pousar
Mas é de fato impossível o fazer sem ter de onde decolar.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sinestésico

Compus um som doce
Pra tocar seus lábios ardentes
Vermelho e apaixonado
O meu som
Agitados e afinados
Os seus lábios

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Complexo

O amor é simples e importante. O problema é esse!

Teórico

Só sabe o que é sofrer quem conhece a alegria.
E só sabe o que é saudade quem já teve alguém por perto.
Sem silêncio não há som.
Sem escuridão não há luz.
Sem ódio não há amor.
É triste, mas a felicidade precisa da tristeza. E isso é tão feliz.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Sexo é poesia

Que eu testo
Sem amor, sem ar
E pago
Para conhecer
E vejo
Sem ter pra onde ir
E provo
Sem poder fugir
Sofrendo
Ao me convencer
Que nada
Poderá parar
Desfruto
Só pra te prender
E prendo
Pra poder partir

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Teimoso

Como alguém que não se cansa de errar, eu vou te encarar e confessar que pra mim não dá mais. Que não vale mais de nada, e que não estamos mais quites. E quando isso tudo terminar, você vai me olhar, me ignorar e me tocar. E anular o que eu tiver acabado de dizer. Vai se vangloriar. E eu vou engolir a seco e te falar, baixinho, que não posso mais te aturar.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Caminho

A me preocupar com pouco
Eu prefiro seguir sem saber
Por onde estou andando

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Mentiras sinceras

Tudo o que é honesto vale
E assim desonesto também
Vale enquanto houver força
Ou enquanto não valer nada
Ainda for a melhor solução

Fim

Substantivo masculino. Diz-se da grande e irreversível oportunidade de começar ou criar algo novo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O sacerdote

Viajou por dentro de si, sem aceitar carona de nenhum rabo de foguete ou coisa parecida. Aterrissou. Feliz, pisou no chão, a enxugar suas lágrimas. E quando perguntado sobre o amor, levantou o olhar, tirou as luvas e os óculos, e respondeu que era tão certo quanto a morte e tão esperado quanto a vida eterna, porém, seu maior problema era ser tão desconhecido quanto a força da imaginação.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Fita

Sorriu a alma
Transou o corpo
Explodiu em êxtase
E findou-se
Ficou só o amor
Que se dissolve
E ainda serve
Pra me recordar

Bobagem

Não sei se acredito nos meus sonhos
Ou se deixo eles acreditarem em mim
Por puro medo de que eles aconteçam
E me deixem a sonhar por aí

sábado, 28 de novembro de 2009

Biográfico II

Me divido na sóbria loucura
Mostrando aos poucos o que tenho de bom
Pra não gastar tudo de uma vez

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Capitalismo

Vou pagando por pedacinhos de vida
Pedacinhos de terra
Vendendo minhas incertezas
Pagando pra ver
E pra não ver

Todo amor

Sorri mais um pouquinho
Só mais um pouquinho
Pra eu levar alguma coisa
Que seja levinha

Cerebral

Assim, adiantando cada suspiro
E acelarando os batimentos
Tentando adivinhar as falas
Te beijando por três mil horas
Durante cinco minutinhos

No abrigo inseguro
Na vontade que eu tenho
De não ter mais impulso
Não sei se escrevo mais um pouco
Ou se apago o que eu já fiz

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Imposto

Eu vou datar o nosso amor
E no dia que ele expirar
Não te ligo mais pra cobrar

domingo, 22 de novembro de 2009

A minha vaidade quer

Não sinto falta dos seus toques
Da sua nudez, do seu sorriso

O seu beijo me arrepia as lembranças
Mas por tão pouco tempo
Que nem preciso me mexer

Os seus olhos iluminam os meus sonhos
Mas acordado eu vivo bem

Pediria pra você não ir embora
Porque assim fica difícil de andar
Eu não consigo lidar

O seu apoio do meu lado me fazia belo
E a beleza do seu lado me fazia teu

sábado, 21 de novembro de 2009

Canhoto

Meu bem
Devolve a minha alma
Diferentemente do meu amor
Ela não cabe no seu bolso

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Simpático

Vaguei por nadas. Vaguei pelo distante e óbvio. Ululante. Vascilante.
Não lembrei de você. Nem por um segundo. Ou quase isso.
Mas senti sua pele na minha. Seus lábios no meu pescoço. Senti.
O prazer. Um par de seios. Um corpo sem vultos. Tumulto.
Acontece. Brincar com a minha memória não dá.
Eu sou pouco raciocínio. Muito muscular.

domingo, 15 de novembro de 2009

Guarda-pó

Escondo em capas o que sou
Pra te proteger de algo que não sei
Mostro os monstros e dragões
E escondo os medos
Viro só brasão, inviolável
E o meu eterno passa em segundos
Tempo suficiente pra eu entrar em parafuso
E te mostrar sem querer
Que eu valho menos que você

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Perdão

Doce ilusão que planta no peito
De espinhos, crescente sem água
Domando a tolos todos
Mas de mim, pobre, esqueceu
E saiu desvairada a tentar
Me explicar o que devo fazer
Eu até ia tentar dizer
Quando acabasse meu pendente
Mas virou-se de costas

E o que posso eu fazer
Se estraguei
Sem querer
Seu número peculiar
Meio escondido no olhar
De esvaziar o coração

Arde a verdade e a fadiga do amor
Que pulsa da boca, repulsa do ser
Tentei te ensinar antes de parecer
Que eu olhava o relógio esperando passar
O tempo correndo pra te agradar

sábado, 31 de outubro de 2009

Pausado

Tão linda é. Centro das atenções. Mas não consegue dizer uma só palavra sem parar. Pensar. Ensaiar. Sozinha é incrível. Precisa só ver. Precisa aparecer. Destrata e ama. Fala pouco e muito. Se apaixona e desapaixona. Tudo pra mostrar que é forte. Abstração não existe em seu dicionário, que dirá amor. Provoca. Arde e assopra. Envolve. Sozinha, define. Ah, eu gosto de estar com ela. Mas só com ela.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Suave coisa nehuma!

Cansado dos seus dizeres
Aproveito os abraços
Os beijos, os sorrisos
E pouco do amor escasso
Que a mim não engana

Movo-me pelo contato
Grudado, entrelaçado
E sugiro, ainda cansado
Que olhe nos meus olhos
Para que eu me lembre de você

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Improviso

"Essa é árvore mais bonita daqui da região!" - disse ela.
E eu, impaciente: "É?" - sem parar de beijá-la.
Me empurrou pela gola: "Insensível! Você faz parte desse meio, atenda-o!"
"Amor, essa árvore me viu escrever e tocar todas as canções que eu fiz pra você. Me viu chorar e sorrir por sua causa. Eu prometi a ela que quando conseguisse, ia te trazer aqui!" - sem hesitar, falei.
Ela olhou-me docemente e sorriu, me aproximando de novo.
Acreditou.

sábado, 17 de outubro de 2009

Personagem

"Dissestes que se tua voz
Tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira"

Urbana Legio Omnia Vincit

Perdão se os meus sorrisos te fizeram chorar,
mas a minha concepção de amor
é muito mais que um beijo na boca.




domingo, 4 de outubro de 2009

Amor

Sabe, o amor consome mesmo a gente. Não sei muito ao certo se vem da minha cabeça ou do meu coração - quem sabe até do seu - mas a verdade é que é algo que em poucos minutos é capaz de me deixar anos mais velho, porém me faz sentir como uma criança. A cada suspiro, riso, arranhão, aperto compartilhado, ou mesmo por nada: apenas uma troca de olhares ou sentir a minha pele na sua. Confesso que ultimamente até ouvir o seu nome me causa certa arritmia.
Queria eu ficar rico descobrindo em que pote posso guardar tal sentimento. Aliviado eu poderia ir dosando pouco a pouco tudo aquilo que acontece e eu não posso explicar. Afinal, não posso culpar somente a mim mesmo por tudo o que sinto. Aquele calor por dentro do corpo, o batimento acelerado, a falta de palavras, ver o céu cada vez mais azul, querer abraçar todo mundo, nada disso saberei lhe explicar.
Eu não posso acreditar que o amor pode acabar. É como se eu sentenciasse a morte de alguém que eu sei que é imortal, é arrumar confusão comigo mesmo. Mas também não consigo manter-me acordado, sem combustível, na sua ausência. O sentimento que me move pode me matar. Enquanto na sua presença era quase um estimulante, uma expansão da minha visão de mundo, depois que você se foi acho que o produzo em dobro, mas como um veneno, algo tóxico. Não consigo comer, rir, chorar, sequer me mover. Sinto-me inanimado. Ironia eu um dia ter achado que a morte era um mito, quando estava ao seu lado.
Tentei chegar a tempo à estação, correndo, sem paletó ou flores, mas com uma carta escrita à mão. Vi de longe a fumaça do trem que te afastava a cada segundo um pouco mais de mim. Hesitei uma corrida, parei, caminhei, olhei para os lados, para o céu. Um filme começou a rodar dentro da minha cabeça. Era como se eu sentisse novamente suas mãos me envolvendo, o seu cheiro. Outra peça do danado amor, que me faz crer e materializar tudo.
Sentei no banco da estação e fui preenchendo o espaço em branco na folha que sonhei entregar. Estranho, mas o amor foi saindo da caneta, deixando o papel cada vez mais pesado e me deixando cada vez mais leve, vazio. Gostaria que um dia, se possível fosse, você abrisse essa carta e sentisse de uma vez o que estou sentindo nesse minuto, como um soco, um empurrão. Ah, se eu pudesse materializar o meu amor por você, só pra te ver feliz por mais uma vez e assim me ver feliz pra sempre.

sábado, 3 de outubro de 2009

"Carroças vazias fazem mais barulho!"

Sentido faz. As carroças cheias costumam andar mais devagar e fazer menos barulho. Assim são esses seres animados que vagam pela terra.

Não grites para me convencer, não apontes para me convencer, não roles no chão para me convencer. Se eu achar que devo fazer, um olhar basta.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ah...

Uma bomba que cai no colo
Leve, de pluma, quente
Respeito pelos detalhes
Inexistentes a olhos nus
Cheia de pós-escritas

É como um bilhete colado
Aquilo que vai sem pedir
É o beijo curto escondido
Mais longo possível
Uma carta manuscrita

Flor de asfalto, pancada
Seria um tropeço
Se tivesse os pés no chão
É saudade, é nostalgia
Do futuro breve

Vontade arrancar
Um vento úmido, fresco
As reticências do poema
O último e o primeiro suspiro
Calor

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Infindável

Sabe, em algum momento você vai se sentir sozinho. Vai ouvir seu telefone tocar algumas vezes, soando como milhares. O velho blues tocando na vitrola ao fundo, alguns papéis espalhados. Vai lembrar com carinho do que fez de bom, de ruim.
Vai sentir que ter a todos é como não ter a ninguém, e que o que fica é aquilo que a gente menos espera, algo que nem deu valor na hora que aconteceu. Vai ver que poderia ter poupado algumas reclamações e liberado mais amor, mais carinho, mais harmonias maiores.
Isso tudo é fórmula, acontece com todo mundo. O difícil é lidar. Tem gente que sorri e cheira pó, tem gente que liga pra mãe, tem gente que fica calada, tem gente que chora. Tem gente que escreve.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Manuscrito

Escrevo sozinho nessas tardes tediosas, olhando o horizonte, vendo montes imaginários, dragões de fogo.
Pessoas eu não chego a ver, mas imagino suas situações.

Leio sozinho os poemas que invento. Enrolo verso por verso até ver tudo consumado, consumido. Minhas frases soltas com o desejo de te iludir.

Passam por mim e vêem um jovem a musicar suas besteiras, coisas que nem ele é capaz de entender.
Como emissor um violão desafinado que vibra ao cantar cada notinha.

Deveria estudar para ser um médico ou policial, contribuir para o mundo.
Mas é assim: as palavras me consomem para que depois eu as consuma uma a uma.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Encarte

Precisa-se de algo!

Como um beijo na boca
Pela manhã

Cortando uma noite
De alimentação de vícios

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Um abrigo no peito do meu traidor

Luto pelo início de um novo trabalho a cada dia. Planto fontes no asfalto quente, pra refrescar a mente de quem vê sempre a mesma fumaça subir. O sabor doce nunca começa a amargar na minha boca, antes de qualquer coisa eu renovo o açúcar. Não durmo mais sem dizer o que penso, nem que seja para ouvir meu eco. Invento um acorde, uma desculpa, improviso. Leio os classificados. Rasgo uma poesia por dia, consumo tudo o que tem nela, como se fosse entrar na minha cabeça pra nunca mais sair. Porque papéis amarelam. O que fica para sempre são palavras, sinceras.

domingo, 5 de julho de 2009

Sarney pra se coçar

Abri o jornal em um de meus bons momentos de cultura para ler em uma manchete em caixa alta: "Lula defende Sarney!" e nada mais veio à minha cabeça além da minha infância: lembrando dos tempos de "porradinha" com meu irmão caçula, fui ligando os fatos.
Como dois meninos, bastava que ficássemos sós em casa que começávamos a brincar, e claro, como todos sabem, nunca terminava bem. Acontece que sempre houve uma espécie de profissionalismo da nossa parte. Tudo começava com um "Duvido que você me bata!" e terminava com alguns hematomas, porém apesar de eu ter em mente o pensamento de cobrir ele de socos e pontapés, e ele provavelmente, a valentia de bater no irmão mais velho, bastava que o carro de nossos pais entrasse na rua e os cachorros começassem a latir que nós tínhamos o esquema todo armado: um ia tomar banho enquanto o outro abria o livro, ou ligava a televisão e deitava no quarto, como um complô.
Assim vejo nossos senhores. Um sabe das histórias mais tenebrosas do outro, e medem força com isso, e assim quando a mídia cerca um, o outro trata de defendê-lo, em um ping-pong de credibilidade.
A diferença é que apesar de meus pais saberem que eu e meu irmão brincávamos a tarde inteira e paravámos momentos antes de sua chegada, e do mesmo jeito a população saber de todas as falcatruas políticas, a maior cagada que poderia acontecer com as duas crianças era alguém abrir a cabeça, ou quebrar um ossinho, já no brincalhão congresso brasileiro, sabe Deus...

sábado, 4 de julho de 2009

Tente

O importante é ser feliz
Dar chance ao deleite
Não sei onde está o cronômetro
Quanto tempo ainda temos

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Solidão lúdica

Solidão é uma terça menor tocada sozinha
Sem harmonia, sem tônicas ou quintas
Que desafina a vontade, melodicamente
Aos poucos, sem que nada se toque
É o desejo do grupo
Necessidade de sentir os batimentos
De um outro coração
Ela nos faz refletir, estridente ou não
Contar os passos e interpretar sorrisos
Oh, terça menor!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Sonho

Tristeza é sair de casa fora do horário
Gritar o que pensa, com a certeza de que duas ideias vão se espalhar
E ouvir somente o eco frio da própria voz

Alegria é sentir ao fundo uma voz suave dizer que concorda com você
Que vai gritar junto, por cima do eco
Que suas ideias vão se tornar uma só

Tristeza é ouvir os poréns
Ouvi-la pedir pra voltar mais tarde.
É sentir aquela voz ficar cada vez mais distante
Até voltar a ouvir somente o próprio eco

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Testemunho

Gaguejando lhe digo
Eu acredito na paixão - e no amor também
Mais precisamente no meu
Por você!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Máscara

Errado é o amor, não eu. Culpa dos mitos que criaram em volta dele, das associações. Ninguém sabe quem ele é - ou então defina, por favor, o que é o tal amor - dizem sentir, dizem que ele surge, que não dá pra segurar. Eu acho-o incrível, afinal, uma hora dessas ele deve estar sentado, rindo dos patetas pseudo-amorosos.
Eu acredito nisso tudo: no carinho, na vontade de querer bem e de estar bem, na união, e essas coisas que as pessoas colocaram num pacotão e chamaram do supracitado sentimento. O meu problema é terem vindo no pacote textos em sites de relacionamento, buquês de flores, joias. Belo amor! Quem inventou isso é um baita empreendedor, um gênio.
Nem preciso falar que banalizaram, mas daí a rotularem e dizerem que é a salvação: balela! Não leve a mal e segure o "Que frio!" para si mesmo. Tome cuidado com esse amor, com o jeito que ele pode ser colocado no seu colo. E ai de quem menosprezá-lo!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Pós-conceito

Não sei ao certo
Todas as coisas que gosto
Mas sei de todas
Que não gosto
E sua melancolia é uma delas.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Manual

O problema é o amanhecer
O problema é a chuva
Problema na vida, problema na morte
Dificuldade com as palavras

O problema é uma árvore
O problema é uma sombra
Os problemas são cabelos
A invenção de uma lágrima

O problema é o coração
Problema no lápis, problema nos olhos
O problema é a máscara
Propriedade dos incrédulos

A solução não é o amor
A solução não é a beleza
A solução é a vontade
De crer na própria mente

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Não vai voltar. Vai?

Feliz?
Por que não!?
O mundo é forte,
É protegido. Proteja-se

Normal?
Não, claro, sim, ééé...
O que paga-se no bizarro
É mais barato que o normal

Frágil?
Olhe o céu e navegue
Olhe pra você e se perca
Agora explique a grandeza

Transcedental?
Respeite as metáforas
Direto, direito
Poesia não é enrolar

Virtuoso?
Encapar é ilusão
Iludir é habilidade
A humanidade é uma capa

Devaneios?
Ora, bolas, improvise
Viaje
Não responda

Meu, seu, quem?
Cada um sabe de si
Não venha me dizer
Sinta

Bobagem?
Chatice é a palavra
E os escravos do amor
Não perca a viagem!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Afasta de mim esse cálice

Era um menino que levava um brilho no olhar e uma esperança infantil a qual o acompanhou mesmo sob reprovações incessantes e ignorantes dos colegas. Levava em si a arte, a poesia. Temas? Pra que temas quando o motivo da sua arte é sua vida?
Crescendo e destacando-se pelo bom senso e categoria, chamava a atenção de todos. Fazia da vida um palco. Seriedade? Pra que seriedade? Ao final de tudo isso quem vai julgar sua seriedade, sua loucura?
Não levava sobre a língua nenhuma frase, dessas montadas, embiscoitadas, enlatadas, que todos os seres apoéticos amam e repetem, o clichê da existência humana. Levava tudo no improviso, chocava.
Encaretaram-no. Os pais viram logo o dom do menino e junto da sociedade o engravataram, colocaram-no sentado em um escritório que tampava todo o sol destacado no azul do céu. Dali não se sentia a brisa do mar. Respirava um ar viciado. Embaratinou-se. Agora é louco. Calaram a potência de mais uma mente diferente. Mata-se todo dia a poesia. O importante é ser comum.

Loucos todos somos, certos só os que julgam primeiro.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Barulho

Não gosto do silêncio
A vida nele se interrompe
É vago
Prefiro o preenchido

Desfaço as intenções pobres
Dos não convincentes
Delator eterno
Sem ternas desculpas

Ele não me serve pra ouvir a alma
Não preciso
Eu sei o que ela quer
Ela sabe o que quero

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Vazio preenchido

E então olhei-a fortemente por segundos na face e sorri uma mistura de confusão triste e conflito nervoso, analisando a beleza fria e a leveza nua de seus olhos, que morrem na carne de seus lábios crus, onde me perdi por tanto tempo antes de, por pouco, cair no vão da incerteza, lugar tão inóspito onde não há motivo nem memória. Em um vazio tão grande eu entrei e de um vazio maior eu me livrei, não sei por quê, voltando para um mundo que eu não construí, como quem foi jogado em um lugar onde nunca esteve, mas onde tudo é mais fácil e fútil do que antes, com os ensinamentos que ninguém me prestou. Assim portanto, aprendendo eu fui a não me perder aos poucos em minha mente, mas às vezes ainda sinto falta do vazio a me consumir.