Sem efeitos: o que eu tenho pra te oferecer muda sob o teu olhar

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Afasta de mim esse cálice

Era um menino que levava um brilho no olhar e uma esperança infantil a qual o acompanhou mesmo sob reprovações incessantes e ignorantes dos colegas. Levava em si a arte, a poesia. Temas? Pra que temas quando o motivo da sua arte é sua vida?
Crescendo e destacando-se pelo bom senso e categoria, chamava a atenção de todos. Fazia da vida um palco. Seriedade? Pra que seriedade? Ao final de tudo isso quem vai julgar sua seriedade, sua loucura?
Não levava sobre a língua nenhuma frase, dessas montadas, embiscoitadas, enlatadas, que todos os seres apoéticos amam e repetem, o clichê da existência humana. Levava tudo no improviso, chocava.
Encaretaram-no. Os pais viram logo o dom do menino e junto da sociedade o engravataram, colocaram-no sentado em um escritório que tampava todo o sol destacado no azul do céu. Dali não se sentia a brisa do mar. Respirava um ar viciado. Embaratinou-se. Agora é louco. Calaram a potência de mais uma mente diferente. Mata-se todo dia a poesia. O importante é ser comum.

Loucos todos somos, certos só os que julgam primeiro.

Um comentário:

Laura* disse...

Depois diz que é ruim nisso. Ser tão ruim quanto você diz não é tão mau assim...