Sem efeitos: o que eu tenho pra te oferecer muda sob o teu olhar

domingo, 4 de outubro de 2009

Amor

Sabe, o amor consome mesmo a gente. Não sei muito ao certo se vem da minha cabeça ou do meu coração - quem sabe até do seu - mas a verdade é que é algo que em poucos minutos é capaz de me deixar anos mais velho, porém me faz sentir como uma criança. A cada suspiro, riso, arranhão, aperto compartilhado, ou mesmo por nada: apenas uma troca de olhares ou sentir a minha pele na sua. Confesso que ultimamente até ouvir o seu nome me causa certa arritmia.
Queria eu ficar rico descobrindo em que pote posso guardar tal sentimento. Aliviado eu poderia ir dosando pouco a pouco tudo aquilo que acontece e eu não posso explicar. Afinal, não posso culpar somente a mim mesmo por tudo o que sinto. Aquele calor por dentro do corpo, o batimento acelerado, a falta de palavras, ver o céu cada vez mais azul, querer abraçar todo mundo, nada disso saberei lhe explicar.
Eu não posso acreditar que o amor pode acabar. É como se eu sentenciasse a morte de alguém que eu sei que é imortal, é arrumar confusão comigo mesmo. Mas também não consigo manter-me acordado, sem combustível, na sua ausência. O sentimento que me move pode me matar. Enquanto na sua presença era quase um estimulante, uma expansão da minha visão de mundo, depois que você se foi acho que o produzo em dobro, mas como um veneno, algo tóxico. Não consigo comer, rir, chorar, sequer me mover. Sinto-me inanimado. Ironia eu um dia ter achado que a morte era um mito, quando estava ao seu lado.
Tentei chegar a tempo à estação, correndo, sem paletó ou flores, mas com uma carta escrita à mão. Vi de longe a fumaça do trem que te afastava a cada segundo um pouco mais de mim. Hesitei uma corrida, parei, caminhei, olhei para os lados, para o céu. Um filme começou a rodar dentro da minha cabeça. Era como se eu sentisse novamente suas mãos me envolvendo, o seu cheiro. Outra peça do danado amor, que me faz crer e materializar tudo.
Sentei no banco da estação e fui preenchendo o espaço em branco na folha que sonhei entregar. Estranho, mas o amor foi saindo da caneta, deixando o papel cada vez mais pesado e me deixando cada vez mais leve, vazio. Gostaria que um dia, se possível fosse, você abrisse essa carta e sentisse de uma vez o que estou sentindo nesse minuto, como um soco, um empurrão. Ah, se eu pudesse materializar o meu amor por você, só pra te ver feliz por mais uma vez e assim me ver feliz pra sempre.

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