Sem efeitos: o que eu tenho pra te oferecer muda sob o teu olhar

sábado, 6 de outubro de 2012

Sobre a segurança e a falta dela.


O medo.
Eu tenho medo, mas nós moramos em um país onde as pessoas não têm. Pior, somos seres humanos e, por isso, parece que as coisas nunca nos acontecerão: se alguém é roubado, foi porque errou ou deu azar, mas nunca porque o problema está a frente dos olhos, nas esquinas que permeiam a classe média. Média alta, média baixa, medíocre e calada. Impune. Acredite, o primeiro passo da insegurança é a falta de medo.

A política.
O Brasil é um país pobre, “do futuro” há 30 anos, onde o único sistema que funciona de verdade é o tráfico de drogas. Ninguém mais espera que a política vá resolver alguma coisa, porque em país pobre, quem tem dinheiro quer que os pobres se fodam. E nesse caso, você aí da classe média também é pobre.
Eu não tenho medo nem vergonha de dizer que o que acontece nos outros setores é culpa não da política, mas da politicagem. Inclusive o caso da minha faculdade, particular e cara: o Centro Universitário IESB, onde alunos são assaltados e agredidos há anos sob o olhar de uma apática reitoria.
Nesse nosso sistema que já nasceu falido, a faculdade e o governo fazem um jogo político como quem joga cartas no bar, na maior informalidade. Informalidade essa que custa os bens materiais, o dinheiro e a integridade física de estudantes, as únicas pessoas que teriam chance de mudar o curso desastroso desse país. Por que ninguém sabe disso? A mídia passa novelas, reality shows ou extensos julgamentos políticos. Fica fácil alienar a multidão enquanto nossos educadores se preocupam em fazer política e se esquecem de educar.
Isso tudo é cruel, mas não faz sentido. A faculdade, o governo e a mídia dependem muito mais de mim do que eu deles. Para o sistema deles funcionar, eu preciso estar vivo. Essa é a hora que o dinheiro fala mais alto: eu sou tanto um número que não farei diferença se morrer. Nem você.

A vantagem.
Para piorar mais um pouquinho, viver no Brasil é ruim. Ganhar dinheiro é difícil e viver é caro: característica de país pobre e com pensamento mesquinho.
A super classe-média não vê a hora de se enfornar em um cargo público para ganhar dinheiro e se inutilizar para a sociedade. Aliás, sociedade essa de onde ele nunca saiu. É a metalinguagem da imbecilidade.
Além disso, para a grande parte da população, trabalhar não resolve os problemas. Hoje, com uma arma na mão, um menino de 16 anos ganha muito mais dinheiro que segurando um martelo. É injusto culpá-lo. Ele não puxa o gatilho sozinho.

O problema é que nós só sentimos a segurança quando ela acaba, naquela fração de segundo onde você vê tudo ir embora, com um revólver apontado para si.
Dinheiro não traz segurança, Sr. Reitor. Dinheiro não traz segurança, Sr. Secretário. A arma que mata o pobre também vai lhe matar. E ainda o deixará sem o pobre, aquele que lhe deu as tetas para que o senhor mamasse.
E o que irá mudar? Absolutamente nada. Medo, política e segurança são conceitos antigos, diria até primitivos. Quase igual nosso pensamento, por mais doutores que sejamos.

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