Sem efeitos: o que eu tenho pra te oferecer muda sob o teu olhar

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Barrigudo

- Pai, tive um sonho muito louco essa noite.
- Hum...
- Sonhei que tinha engravidado a Melissa.
...
- Estragou minha praia!

Era cedo no dia 24 de Dezembro. 9 meses e 1 dia atrás. Hoje, se fosse verdade, meu sonho estaria por aí, enrolado no colo de alguém que diria que é a minha cara. E eu, cheio de responsabilidades: contas a pagar, um caminho conturbado a trilhar e um futuro enorme pela frente. Aliás, um não, dois. Deus me livre! Uma vida. Eu não estou pronto para isso.

Mal sabia eu que tudo isso passaria na minha cabeça 24 horas mais tarde. Às 4h do dia 25 - vocês já sabem. Uma correria que poderia lembrar um parto surpresa. Era exatamente o contrário. Ou talvez ali você tenha realmente nascido, enfim. Como um feto, eu dormia. Como um feto, alguém me puxou. Como um feto, em poucos minutos me punha a chorar. Como um feto, a família inteira vinha me ver, acuado. Houve quem dissesse: "É a cara do pai!".

Há 9 meses eu nascia de novo, obrigado. E como em uma sequência de partos prematuros, sou obrigado a nascer, chorar e encarar o mundo com os olhos apertados toda vez que lembro daquele sorriso. Cada "Fala, gordinho!", cada putaqueopariu bem mandado, cada "Se liga, 16!" é uma bolsa que estoura.

É, não durou só 9 meses. Acho que nascerei dezenas, talvez centenas de vezes. Não me importo. Se conheço bem, cada vez que me vê nascer, você talvez até esqueça o que é morrer.

9 meses. E eu ainda tenho um futuro enorme pela frente. Um não, dois.

Nenhum comentário: